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LITERACIA FAMILIAR
Por Fernanda Rocha Lopes
Muitas vezes nos perguntamos: “Existe uma idade certa para a criança começar a ler?”, “Apenas ler para o meu filho com frequência é suficiente?”, “Afinal, qual a importância da leitura nesta fase da infância?”.
Emilia Ferreiro, estudiosa argentina que revolucionou a alfabetização com a Psicogênese da Língua Escrita, defende que ler e escrever antes de tudo, é um processo afetivo e mágico independentemente da faixa etária. Em suas obras ela cita que “as crianças têm o hábito de não pedirem permissão para começar a aprender”. Com isso ela nos diz que as crianças aprendem de forma espontânea, desde que as oportunidades lhes sejam dadas.
É preciso dar significado para as crianças. Permitir que compreendam para que se lê e se escreve, por quê é tão importante. A partir disso, devem-se apresentar os diferentes gêneros textuais e deixar que manuseiem livros, revistas, jornais, calendários, bem como explicar a função social de cada um, mostrando que esses objetos têm nome e que são produzidos por pessoas diferentes dentro de uma sociedade. Permitir esse manuseio, esse contato com os objetos de escrita é dar o primeiro passo numa jornada que irá acompanhar a criança nos próximos anos de sua vida e irá perdurar na vida adulta.
Para que de fato essa inserção seja bem sucedida, é necessário que haja uma relação afetuosa entre a criança e o livro e que essa leitura desperte a vontade de saber.
Esse tipo de experiência é fundamental, de certa forma especial, e segundo Emília Ferreiro, é mágico, quando se trata de crianças. Sendo que esta prática se torna trivial para qualquer outra pessoa alfabetizada, relatando então, a importância do lúdico. Vale mencionar que se o responsável também possui perfil leitor, o processo tende a ser mais fácil e fluir de forma natural, uma vez que os hábitos familiares refletem nos comportamentos.
De acordo com o Referencial Nacional Curricular (1998), p. 127:
Nas sociedades letradas, as crianças, desde os primeiros meses, estão em permanente contato com a linguagem escrita. É por meio desse contato diversificado em seu ambiente social que as crianças descobrem o aspecto funcional da comunicação escrita, desenvolvendo interesse e curiosidade por essa linguagem.
Em comum, os Parâmetros Nacionais Curriculares para as séries iniciais do Ensino Fundamental, colocam:
O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento.
LITERACIA
Para a Política Nacional de Alfabetização (PNA), literacia é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura e à escrita, assim como sua prática produtiva. Ou seja, a literacia diz respeito ao ensino e à aprendizagem das habilidades de leitura e escrita.
Dessa maneira, ela é dividida por níveis, visto que a capacidade de leitura e escrita não pode ser adquirida de uma só vez. Por isso, ela depende exclusivamente dos conhecimentos prévios do aluno e seu desenvolvimento durante o período de alfabetização.
Existem diferentes âmbitos na literacia, um deles é a literacia familiar que consiste na aprendizagem da leitura e escrita dentro do ambiente familiar da criança. Ou seja: ela nos revela a importância do envolvimento dos responsáveis no processo de alfabetização. Essa etapa da aprendizagem ocorre mesmo antes do ingresso do aluno no Colégio.
A literacia familiar pode acontecer por meio de leitura compartilhada e em voz alta. Dessa forma, amplia-se o vocabulário, desenvolve-se a compreensão da linguagem oral e trabalha a atenção. Essa prática também é muito importante no momento de criar laços afetivos, bem como memórias significativas entre a criança e seus pais/responsáveis.
Fica a reflexão: Quais são os assuntos preferidos do meu filho (a)/ aluno (a)? Existem livros que tratam desses assuntos? Como e com que frequência estamos abastecendo a bagagem cultural das crianças? Essas respostas irão nortear o caminho para um perfil leitor e letrado de sucesso!
BOA LEITURA!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRO, E., TEBEROSKY, A. e PALÁCIO, M. G. Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília: MEC, SEALF, 2019b.
INSTITUTO NEUROSABER – Literacia e Alfabetização Disponível em < https://institutoneurosaber.com.br/entenda-o-que-e-literacia/>